Sobre Tempo


As pessoas sempre arranjam tempo para aquilo e para aqueles que são importantes nas vidas delas. Mesmo que tenham uma rotina corrida, sempre têm o tal do tempo. O que acontece é que quando não se tem  a disposição de estar conversando sempre com aquela pessoa, então “o tempo” vira desculpa. Ou a falta dele, como muitos gostam de dizer. São só palavras fáceis que mascaram a escolha delas de não estar presente como antes.

Eu já vivi  muitas decepções com pessoas que se afastam, e depois voltam usando a desculpa do tempo. Está muito corrido, não tenho tempo pra isso ou aquilo.” Mas se tem uma coisa que aprendi com todas as vezes que isso acontecia, é que isso não é verdade. Você sempre arranja tempo para quem realmente quer ter na sua vida diária, no seu dia a dia. Ou sou só eu que nunca usei a desculpa do tempo? Será que é porque eu sempre priorizei mais os outros que a mim mesma? 
 
Quando tento manter uma relação ou quando priorizo uma amizade, eu poderia estar em dois empregos ao mesmo tempo (como já estive) ou dando aulas em escolas enquanto fazia faculdade tarde e noite, mas eu sempre estive lá para o outro, entre um horário e outro, nunca deixei o outro por dias sem resposta ou visto e esquecido. Eu nunca usei a desculpa de que estava sumida por falta de tempo.

Eu sempre soube que mesmo depois de um dia cheio eu tinha meu tempo para responder e conversar com quem importava… E sei que é assim com essas pessoas também... Como quando estamos em um namoro e no começo a gente não se importa em ficar acordado até tarde, ou não vai dormir enquanto sem antes falar com o amado, mesmo se tiver que sair cedo no outro dia… Você passa a usar os pequenos intervalos que você tem durante o dia para falar com o outro… Você da sua prioridade a ele ou ela, e você escolhe isso...

Então sempre me magoa muito ouvir isso de amigos. Eu sei que muitos têm suas vidas corridas, mas chegam no fim do dia, pegam o celular e falam com as pessoas que mais importam. E quando me dei conta disso, eu deixei de procurar, de ir atrás de amizades assim, que sumiam por meses e aparecem quando lembram e depois de conversar por um dia, desaparecem. Sei que no fim do dia delas, elas falam com quem realmente importa. Mas, como uma amizade pode ser importante se você lembra depois de meses ou anos?

Eu sei que sempre existirão aquelas amizades que são pessoas que, não importa o quanto tenham a vida corrida, mas estão sempre lá.  Assim como eu nunca usariam a desculpa do tempo, não importa o tempo que passe, algumas pessoas também nunca usarão. Eu só preciso enxergar essas pessoas que estão ao meu lado e dar valor a elas.

Eu sei que minha mãe, algumas das minhas tias e alguns amigos da época da faculdade são pessoas que posso contar, mesmo não estando no meu dia a dia. São pessoas que trabalham, que têm suas rotinas, mas estão lá insistindo, mandando algo todos os dias, falando algo quando veem algo que escrevemos. São essas pessoas que verdadeiramente temos que dar valor. Elas têm filhos, têm trabalho, têm uma vida, mas o que muda tudo é perceber a importância que você dá a quem importa pra você.

E eu sou uma pessoa que não consigo ignorar algo que um amigo tenha falado e ficar por dias ou meses sem aparecer, sem dar uma palavra. Acho que isso é muito ruim.  Mas vai ver tenha muito mais a ver com a forma que eu vejo as coisas. Talvez eu me feche mais do que deveria para as pessoas que realmente dão valor a minha companhia ou amizade, enquanto espero que outras tenham a mesma consideração que eu costumava ter por elas. 
 
Chega um momento em que a gente se acostuma com aquele jeito daquele amigo só aparecer de vez em nunca e passa a ser uma pessoa distante. Ele não é mais do seu convívio, nem primeiro lugar no seu afeto como gostaria que fosse sempre assim.Se eu me abrisse mais para o mundo e para as coisas e pessoas ao meu redor e não me apegasse tanto ao que esta longe, às amizades que passaram, que escolheram estar distantes, eu sofresse menos com esse eterno complexo de rejeição.

É só que, quando eles voltam, é impossível não pensar que tudo seria como sempre foi. Como um cãozinho que volta para alguém que reconhece, mesmo que tenha visto há tanto tempo. Mas eu não quero ser assim, não deveria ser. Aceito essas pessoas de volta com a desconfiança de que, depois, eles vão sumir de novo, eles vão e te deixam com um pouco mais de mágoa, mas ao mesmo tempo, saudades.
 
Eu as aceito, mas já sabendo que se vão de novo, e até a próxima, daqui a tantos meses quando lembram que existimos. Isso sempre me magoou muito e eu só quero mudar isso em mim, mudar a forma como eu as aceito. Porque tantas vezes já procurei defeitos e problemas em mim mesma por causa disso. Até que ouvi de um psicólogo uma vez em uma vídeo aula, que é um padrão que se repete porque, eu inconsciente disso, reconheço exatamente esse tipo de pessoa. Eu as reconheço e as aceito sempre que chegam na minha vida. Têm algo em comum e um padrão se repete. E esse é o problema! É por isso que tenho a sensação de que são como figurinhas repetidas.
 
Quando paro pra refletir, vejo o quanto tem muitas coisas em comum nas personalidades dessas pessoas. Não é por acaso e não são escolhidas a dedo, mas as reconheço e dou um lugar de destaque e  as coloco em um pedestal em minha vida, enquanto rejeito as pessoas ao meu redor que estão no meu dia a dia sempre insistindo, me mandando mensagens, querendo me fazer fazer parte da vida delas. E sempre dou um jeito de não ir, de não fazer as coisas onde estou e me iludir por pessoas que não estão perto ou que não estão lá por mim da mesma forma como estou por elas.

E eu finalmente aprendi, depois de muito me magoar com isso. Se eu mudo meu foco, eu aceito a mim mesma como mais importante e dou lugar às pessoas certas, que estão ao meu redor, perto, e que verdadeiramente se importam.

Não é sobre ter ou não ter tempo… É sobre a prioridade que você decide dar…

0 comments:

Postar um comentário