Quando tudo começou a mudar


Alguns dias atrás eu fiquei bastante nostálgica por causa dos posts que fiz nos stories do instagram quando recuperei meu facebook antigo e tirei prints das fotos antigas e coloquei lá, eu relembrei a mim do passado. Quem eu era aos 18 e agora, quem sou 7 anos depois. Lembro que em 2012 eu não tinha a noção do quanto as coisas ainda iam mudar na minha vida, que aquele ano e o ano seguinte (2013) seriam anos que mudariam totalmente a forma com que eu via e vivia minha vida. Que muitas pessoas sairiam dela, e outras muitíssimo especiais entrariam. Que eu estaria abandonando um curso promissor na faculdade, um curso que até então eu adorava e adorava as pessoas que conheci por causa dele. E que minha família, minha mãe principalmente, tinha orgulho demais por eu estar naquele caminho. Ela projetava tudo o que nunca pôde ter em mim. 

Na época eu não entendia, agora não a julgo, pois muitos de nós tendemos a projetar algo no outro, seja de mãe ou pai pra filho, seja num relacionamento amoroso que queremos fazer dar certo. Enfim, até mesmo quando sonhamos em ter nossos filhos e começamos a pensar "vou colocar ele ou ela desde cedo nas aulas de canto e música porque é algo que eu queria muito ter feito e não pude" eu sou assim. Então hoje entendo minha mãe em relação a minha outra faculdade. 

Só que naquele ano de 2013 parecia que não fazia sentido continuar, eu amava tudo que aprendia lá e as pessoas, mas estava numa fase de crise existencial na qual me perguntava todos os dias se era aquilo que eu realmente queria ser pro resto da vida. E eu não tinha mais certeza. Eu estava lá estudando psicologia, mas por dentro estava uma confusão louca. A não aceitação da minha imagem, a rejeição recente em um primeiro relacionamento, a minha fé constantemente em oscilação. A ansiedade que crescia e pouco a pouco se tornava uma depressão em que tinham dias que eu não dormia ou mal consegui sair da cama pra ir pra aula no dia seguinte. E foi quando tudo mudou. Eu fui pra casa e resolvi que trancaria o curso e pensaria no que queria de verdade. Eu me trataria primeiro para poder ficar psicologicamente bem da ansiedade e da volta da depressão, antes de qualquer coisa. Eu lembro que eu morria de medo quando em 2012 faziam muito sensacionalismo sobre o mundo acabar (na época tinha até um filme apocalíptico nos cinemas sobre isso)

Eu realmente tinha muito medo do que aconteceria no fim daquele ano, do tal "fim do mundo". O que eu não sabia era que esse fim seria simbólico. E que realmente representou uma mudança muito grande na minha vida, a partir de uma decisão que eu nunca imaginei que seria capaz de tomar. Porque eu sempre fui muito resignada a vontade dos outros, e pra mim era sempre mais importante o que eles pensavam de mim, ou se eu estava fazendo algo que ia orgulhar minha família. Nunca era eu ou que eu queria em primeiro lugar. E foi lá de 2012 pra 2013 que eu mudei por dentro e por fora ao longo do processo, do meu tratamento, da percepção das pessoas que saíram e das que ficaram. Foi quando comecei a escrever e decidi que dali em diante me dedicaria a isso, mesmo que fosse um caminho difícil de chegar. 

Eu criei o blog, eu entre pra faculdade de letras, eu continuei meu tratamento contra a ansiedade e depressão, voltei a morar sozinha e seguir minha vida conforme me sentia melhor. E aqui estou 7 anos depois. Ainda acho que estou um pouco longe de chegar até onde sonho, mas só quero deixar aqui registrado a gratidão por aquele "fim" que foi o início de uma nova versão de mim. Onde, agora eu me sinto saudável de dentro pra fora. E foi o melhor presente que os céus, Deus, o universo ou o que quer que você acredite, poderia ter dado a alguém tão pequena que nunca teve sequer ideia do valor que tinha e do quando poderia fazer por si mesma e por outros, por causa daquela decisão. Sejam gratos pelos fins de vocês! Eles simbolizam um novo começo, e talvez um amanhã muito melhor do que você sequer chegou imaginar que um dia viveria.

1 comments

  1. Excelente texto. Eu lembro da minha época de 2012 também, completamente depressivo sem saber ao certo o que fazer na época de cursinho. Depois de um dos amores da minha vida ir para outra cidade e eu ficar completamente sozinho com minha insegurança e indecisão eu comecei a escrever e a correr.
    Dia 21/12/2012, a data apocalíptica anunciada quando eu saí pra correr, os ventos estavam tão fortes prenunciando a chuva que somente eu corri sozinho na pista. Eu realmente senti o mundo acabando naquele momento contra o vento, mas eu resolvi continuar para além do fim dele. Hoje em dia eu não me imagino mais sem me escrever ou correr e em como um coração partido mudou minha vida.

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