O Amor Vai Salvar o Mundo (Reflexão sobre quaresma e quarentena)


 
"Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele lhes disse, quando ainda estava com vocês na Galiléia" Lucas 24:5,6

Diante de tudo que a humanidade está passando nos últimos meses, com a pandemia desse vírus que tem parado o mundo, dividido opiniões e famílias, quando muitos são obrigados a estarem distantes. Estando sozinhos, ou apenas no seio da sua família em suas casas. Se resguardando de um inimigo invisível e silencioso, que antes mesmo de chegar tem nos colocado em situação de prisão domiciliar, ansiedade e pânico; estava pensando em como esse período de quarentena é semelhante aos 40 dias de Jesus no deserto, antes da Páscoa que se aproxima, logo nessas primeiras semanas de abril.

Talvez seja coincidência, mas se for, que coincidência extraordinária! Estamos passando por esse tempo de reclusão e distanciamento social, justamente no mesmo tempo em que, para nós cristãos, Jesus também passava. Nós católicos, chamamos esse tempo de quaresma, são os quarenta dias que a igreja recomenda mais oração, jejuns e caridade aos fiéis. Até que se chegue a semana da páscoa, onde relembramos o calvário do Senhor, seu sofrimento e sacrifício para nossa salvação. Até o dia em que, em Sua Imensa Glória, ele ressuscita no domingo de páscoa. Assim renovando nossas esperanças de um novo amanhã. A sensação de libertação, a gratidão que invade o peito do cristão que entende e relembra esse sacrifício todos os anos, é tão grande que ás vezes parece não caber no peito.

Sei que nem todos conseguem ver isso. Nem todos os cristãos entendem o verdadeiro significado da páscoa. Daquele amor imenso lá na cruz que se doou por cada um de nós. Para muitos são só celebrações que se repetem todos os anos, muitas vezes não dão nem importância, não usam a quaresma pra se reconectar com Deus em orações.

Eu acredito que esse calvário que a humanidade está enfrentando, nesses últimos meses antes da páscoa é uma oportunidade para nos reaproximar, nos reconectar com O Amor Maior. Com Deus, ou com o Universo (para aqueles que não acreditam em Deus, sempre há uma energia maior que os move). Precisamos renovar nossa fé, nos reaproximar daquilo em que acreditamos. Nos colocar no lugar daqueles que mais sofrem, daqueles que precisam trabalhar e não podem se resguardar nesse período em que a maioria pode estar seguro em seu lar. Pensar no que podemos fazer pra ajudar essas pessoas. Não seguirmos a cabeça daqueles que só pensam no dinheiro. Aqueles que acima da vida, pensam nos lucros, mesmo sabendo do perigo de uma pandemia que irá atingir a todos, mas principalmente os menos favorecidos.

Sabemos que essa é a verdade, embora eles queiram nos convencer que se importam com a vida dessas pessoas, ao mesmo tempo que as obrigam a trabalhar. Enquanto eles, como patrões, ficam no conforto de suas casas, tendo todos os cuidados que não deram direito a seus empregados. Esse é um dos maiores exemplo da falta de amor pelo próximo. Vindo daqueles que pensam em proteger os seus, mas obrigam seus inferiores a continuar expostos a algo que poderá lhes custar a vida.


“Na nossa avidez por lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente”

Essas foram as palavras do Papa Francisco sobre o que o mundo está vivendo, quando esta semana imagens dele celebrando uma missa sozinho na praça São Pedro veio encher nossos corações de tristeza. Foram imagens de cortar o coração, visto que ele sempre rezava suas missas lá, cercado de uma multidão de fiéis. Mas a Itália foi um dos países mais afetados até o momento. Um país em que seus governantes levantaram bandeira de "Não podemos parar" agora se vê totalmente parado, com tantas famílias tendo perdido seus entes queridos sem poderem dar sequer um último adeus.

Se eu pudesse pedir somente uma coisa a Deus, seria a consciência do restante do mundo. Em especial países como o nosso Brasil, que o vírus só chegou a muito pouco tempo e ainda temos a chance de salvar muitas vidas com o esforço coletivo. Queria que somente dessa vez todos se unissem.. ricos e pobres, todos estão juntos no mesmo barco, todos podem fazer sua parte e proteger um ao outro.

Eu lembro da passagem em que Jesus estava no barco no meio de uma tempestade e mesmo assim seus discípulos temeram. Ele os repreendeu pedindo que confiassem Nele. Nesse momento somos os discípulos, devemos confiar, orar, fortalecer uns aos outros mesmo distantes. Eu tenho a fé imensa que ao final desse surto, possamos nos alegrar como Jesus na ressurreição. Porque Ele Vive eternamente, Ele venceu a morte por cada um de nós.

Talvez tentemos vencer a morte desse mundo, enquanto Jesus já venceu por cada um de nós, a morte eterna. Tenhamos fé.. Vamos vencer essa morte, mas acima de tudo, vamos vencer o mal maior que divide a humanidade, a falta de amor pelo próximo. Era o maior desejo de Jesus, e essa será a nossa salvação. Agora e sempre. 

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