Olhei o céu como não fazia há muito tempo
Desde que o tempo parou, de 202O pra cá, desde que tudo de ruim aconteceu, desde que voltei a me fechar dentro de mim como se erguesse uma armadura numa tentativa de autodefesa. Autodefesa do mundo, do perigo constante que viver, ultimamente, tem parecido ser.
Antes eu amava tirar um tempinho pra ficar lá fora, enquanto fazia uma pequena caminhada ou simplesmente sair na janela para olhar a lua e as estrelas quando tudo estava quieto. E eu ficava lá olhando pro céu por um bom tempo. Eu fazia muito isso antigamente. Mesmo na cidade grande quando fui estudar fora por alguns anos, eu sempre olhava primeiro para vista de fora de qualquer apartamento ou kitnet que iria morar. Antes de mudar imaginava como seria olhar o céu da janela daquele lugar.
Em alguns lugares que morei eu tive a sorte de serem sempre muito abertos e eu poder passar meu tempinho a noite fazendo isso. Como costumo sempre dormir mais tarde que a maioria das pessoas, quando tudo é silêncio lá fora, eu tenho cá pra mim a sensação de que consigo respirar melhor. Eu consigo olhar pro céu e sentir paz vindo daquela imensidão.
Geralmente nessas horas vem os suspiros profundos, e a sensação de que as energias são revigoradas. Eu amava essa sensação. E não havia me dado conta de quanto tempo eu não fazia isso. Talvez um ano, durante o ano todo de 2020 que passei com o pânico e o medo de sair de casa, do meu quarto, principalmente.
Há uma semana, passamos mais de 24 horas sem energia em casa, depois de uma grande tempestade daquelas que você tem a sensação que vai acabar o mundo. E eu pude ter esses dois dias, a sexta e o sábado, para me reconectar comigo mesma. Quando não tinha energia elétrica ou redes sociais, lá fora tinham a lua e as estrelas numa bela noite de sábado após a noite da tempestade.
Eu pude ficar a sós com meus pensamentos, cuidando das plantas e de mim, relendo livros que havia deixado de lado por algum motivo trivial. No fim de tudo, considero que aqueles dois dias foram pra mim como um teste, um teste de que eu consigo ficar um pouco realmente sozinha novamente, desconectada do resto do mundo online. E em contato comigo mesma, com meu eu verdadeiro e me sentir feliz por isso.
É como se nesse começo de 2021, eu pudesse ir voltando a redescobrir essas pequenas coisas e detalhes que me faziam bem, mas em meio ao caos do ano passado, foram se perdendo em mim.
É preciso se reconectar consigo mesma. Com as energias da natureza que sempre te fizeram bem. É preciso sair do casulo e dessa armadura que ergueu ao redor de si. É preciso viver.. Mesmo se no fundo ainda existir o medo de que o futuro não seja o que sempre sonhamos.. Nós só não podemos nos esquecer de tudo aquilo que sempre nos fez bem e que, em um momento obscuro, havíamos deixado pra trás.
blog Yasmim Ramos crônicas olhar para dentro de si olhei o céu textos
2 comments
Oie Yasmin
ResponderExcluirNão estou conseguindo trocar de conta por isso estou comentando com a conta da minha mãe.Aqui é a Babi .
Ironico como eu estava tendo umas reflexões essa semana sobre exatamente o que você esta falando nesse texto , inclusive escrevi um post que programei para ser publicado em Abril.
Esses dias eu até sai no quintal a noite para admirar o céu , mas infelizmente não tinha estrelas. Eu fico muito confinada nesse mundinho do celular e me preocupo com isso.
Amei seu post
Beijos
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Aí Babi, é sempre tão maravilhoso perceber o quanto nos identificamos... tanto pelo que passamos quanto nossas reflexões sobre a vida.
ExcluirObrigada por estar aqui! Eu quero muito ler seu texto quando você publicar.